22 outubro 2006

Sobre o conflito


Conflito e harmonia, ruptura e integração são processos indissociáveis dos sistemas sociais. Todos os missionarismos beatos e nefelibatas que se convencem de que é possível criar um mundo de harmonia absoluta fracassam inevitavelmente. E um conflito tem uma regra básica: oscilar como um pêndulo na distribuição de recursos de poder.
Existem no nosso país muitas organizações que procuram evitar ou sanar conflitos sem nunca os terem estudado e, muito menos, descoberto que a paz apenas é razoavelmente possível quando existe uma distribuição razoável de recursos de poder.
Da mesma forma, abundam por aqui os auto-ditos cientistas sociais que passam a vida a pregar a paz sem nunca terem estudado conflitos e que, tal como certas organizações pacifistas, concorrem especialmente para abrir a caixa de Pandora.
O livro à esquerda, de Lewis Coser, é um clássico da sociologia americana do conflito social, publicado pela primeira vez em 1956, que muito recomendo. O segundo, é um estudo, executado sob minha direcção, sobre racismo e etnicidade em Moçambique, publicado em 2000, que procura mostrar como a distribuição desigual de recursos de poder gera sentimentos e atitudes hostis, que são predisposições ao conflito.

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