27 novembro 2009

Exames e diz-que-diz

Órgãos de informação mostram que foram maus os resultados obtidos nos exames da primeira época da 10.ª e 12.ª classes (confira, por exemplo, aqui). Uns dizem que os estudantes não se prepararam, outros dizem que algo vai mal na organização dos exames, outros, ainda, com ar televisivo severo, produzem uma generalização do género "a educação em Moçambique não vai bem". Nestas coisas há sempre o vigoroso diz-que-diz, mas raramente encontramos alguém que diga algo após ter pesquisado em profundidade as razões de um determinado fenómeno. Decididamente estamos viciados em opiniões.

3 comentários:

ricardo disse...

E que tal (avaliem a faixa etária) dizer que estavam a divertir-se na campanha eleitoral que se esqueceram do seu DEVER que é estudar?

Nipiode disse...

Professor: estive recentemente num seminario sobre marcas de moçambique. Adorei ver oradores nacionais, jovens, com execelentes apresentações, com dominio, capacidade de resposta, igual ou até melhor dos estrangeiros que por alí passaram. Portanto nem tudo vai mal, mas graças ao esforço individual de quem de facto se entrega para ter qualidade. Ora, a nossa escola está vulgarizada. Tudo começa com pequenos promenores: falta de exigencia, professores sem estrutura social e academica, degradação dos valores (vende-se alcool nas cantinas escolares) e depois constantes mudanças d ecurriculo escolar que eu próprio na posse de muita informação acabo pro comprar livros que já não servem no ano seguinte. O normal é 30% de alunos ir a segunda chamada. 80% é demasiado. Dizia um médico de origem indiana a trabalhar num hospital de Londres que com o seu salário não poderia ter as suas duas casas, tres carros de marca. Então como as tinha? Na sua especialidade tinha um bonus se conseguisse que os doentes com problemas pulmonares deixassem de fumar. Ora, cabe ao professor que com sabedoria prepare o aluno que com conhecimento vai justificar a sua passagem. Isto é um problema de autoridade...ao ponto de alunos faltarem aos exames. O poder está diluído, basta sair do gabinete do decisor, seja qula for, é tudo uma grande bandalheira. Governar é gerir, gerir é produzir resultados, resultados é dar soluções, soluções e não justificações.As pessoas que estão a frente de alguns cargos não teê capacidades, outras não reunem qualidades. Neste mesmo seminário sobre as melhores marcas de moçambique dizia um dos oradores vindo da Alemanha: Os cenários não se invertem porque há medo das mudanças, da forma diferente de fazer as coisas, de perder o comboio do futuro.Marketistas, o comboio do futuro está a andar, nada o fará parar. Pois é,pois é....

ricardo disse...

Na continuidade do tema que fora levantado por Calane da Silva, eis-nos diante duma das consequencias deste fenonemal sistema "inovador" de educacao de massas do MEC.

Se bem se lembram, no ano passado, houve passagens administrativas em larga escala para compensar os chumbos provocados por um "suposto" sistema electronico escolha multipla. Que os alunos foram incapazes de usar.

E meses depois, o executivo mocambicano, os governos e as organizacoes internacionais anunciaram que o nosso racio de massa cinzenta "subiu" alguns digitos. Um milagre, segundo os padroes africanos...

Todos, aplaudiram, em unissono, este grande fe(i)to!...

Agora os numeros estao novamente ai. 80% de reprovacoes em media, nas 10a e 12a classes. Se juntarmos a isso, o baixo nivel dos aprovados, se comparado com o de algumas geracoes atras, entao percebe-se porque eu disse que um carpinteiro Sueco ainda acaba por entender mais de construcao, do que um eng. Civil local.

Batemos fundo e ainda assim ninguem assume suas responsabilidades.

Porque, ao contrario do que se pensa, os "chumbos" tambem afectaram muitas escolas privadas, pois os exames sao comuns e nacionais.

Era sabido que com as eleicoes de 2009, melhor seria meter ferias colectivas no MEC. Porque estavam "engajados" na campanha. Nas escolas privadas e publicas, o cenario tambem nao foi diferente. So nao sei se nas faculdades esta tendencia nao se repetiu. O que duvido.

Nao olvidando, os feriados e as tolerancias de ponto que, desta vez, coincidiram com sextas ou segunda-feiras.

Estimulos ao ocio, encorajando a Juventude, a entregar-se a outros passatempos mais relaxantes. Mesmo porque, de cima, exemplo melhor nao havia.

Mas o que nao sabiam (ou nai quizeram saber), e que a programacao do ano lectivo sempre e influenciada por estes factores.

Concluindo-se agora, tal como em Italia, que se profissionalize de vez a Funcao Publica, para que ela sobreviva independentemente de haver ou nao mudanca do timoneiro da Nacao, ou da cor politica dominante.

Porque nao deve ser facil para um verdadeiro profissional da Educacao cumprir com o seu programa de trabalho anual, se estiver obrigado a passar todo o seu tempo empoleirado em camioes aos gritos e aos copos com desconhecidos, durante o seu horario de trabalho.

E por favor, retirem as celulas da Frelimo da estrutura de funcionamento da Funcao Publica. Transfiram-nas para os circulos eleitorais, que e o local onde as pessoas habitam. E la onde se vota, portanto e la onde se deve mobilizar em permanencia o eleitorado. Ouvindo as pessoas e fazendo-se conhecer.

Ao faze-lo no servico, serve apenas para muitos chico-espertos, franco-atiradores e penduras se eternizarem nos cargos e a brindarem-nos com valentes asneiras parecidas com as do MEC.

Agora que o Ministerio da Funcao Publica ja anunciou um novo sistema de avaliacao do Funcionario Publico baseado no merito, que tal incluir isso tambem no menu?

Se ate o MPLA teve a coragem de fazer isso e ganhar as eleicoes em Angola, sem apelo nem agravo, porque e que a FRELIMO nao faz o mesmo em Mocambique?