27 abril 2011

Os conhecidos que se desconhecem (10)

Escrevi no número inaugural desta série que a vida é uma antífrase bem mais real do que pensamos, é um casamento permanente entre o Mesmo e o Outro bem mais forte do que supomos. Tomando a internet como referencial geral e as redes sociais como vasos capilares de um novo conceito do social em particular, o argumento nesta série consiste em mostrar que somos capazes de nos unir em torno de um ideal no preciso momento em que, conhecendo-nos, nos desconhecemos.
Escrevi anteriormente que era possível aprofundar o impacto das estradas e das praças virtuais explorando analiticamente quatro temas: (1) generalização do confessionalismo (do tipo cristão) público, (2) multiplicação do brejeirismo, (3) irradiação capitalista ilimitada das ADM (Armas de Distração Maciça) e (4)  mobilização, propaganda e clintelismo políticos.
Prossigo no último ponto. Campo de diversão, campo convidando ao individualismo, campo tentando neutralizar os encontros físicos reais, campo que parecia e parece ser o da morte dos colectivos, a internet tornou-se, afinal,  um dos mais poderosos pontos de encontro político da actualidade, provavelmente o mais poderoso. A propósito, numa entrevista que dei a um colega blogueiro em 2007 (ainda não estava familiarizado com as redes sociais), disse o seguinte : "(...) Por hipótese, as futuras revoluções sociais começarão nos blogues, não nas fábricas, nas praças ou nos campos. (...) o blogue é um belo utensílio de luta. Foi primeiro um brinquedo para jovens de 13/16 anos, hoje pode ser uma arma política extremamente eficaz. No preciso momento em que o dotaram do húmus da recreação, nós podemos reinventá-lo e dar-lhe o selo de uma enxada cavando no território de uma futura humanidade mais solidária."
Prossigo mais tarde (crédito da imagem aqui).
(continua)

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