30 setembro 2011

Série Tete em fotografia (47) - Chifunde (desflorestamento)

Prosseguindo esta série fotográfica sobre Tete, da autoria do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr, agora com registos do desflorestamento em curso no distrito de Chifunde. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Caramba.

Lili disse...

Qualquer dia ficamos sem florestas como foi o caso da Nigéria de exportador passou a importador da madeira.

Lili

Anónimo disse...

 Meus caros, as grandes empresas agrícolas de cereais, oleaginosas, fibras (algodão), açucar, pastagens e outras culturas, começam por elimiar completamente as árvores, em áreas que chegam aos MILHARES de hectares. Exemplo: as açucareiras de Xinavane e Maragra, conjuntamente, têm cerca de 20.000 hectares de terrenos completamente sem árvores. O regadio do Chokwé tem mais de 20 mil hectares sem árvores. Quando viajamos para África do Sul ou Swazilândia vemos a mesma coisa, milhares de hectares com bananeiras, cana de açucar, tabaco, etc… sem árvores.
 Quantas árvores foram eliminadas para se fazer o Estádio do Zimpeto, Vila Olimpica e infra-estruturas envolventes? Quantas árvores, incluindo cajueiros, foram destruídas para se implantar a Nova Facim?
 As fotos que têm vindo a ser postadas mostram a actividade normal do campo: perda de fertilidade dos solos = necesidade de mais área/ ou novas áreas, para produzir o mesmo, logo, algumas árvores terão, necessáriamente, que ser sacrificadas e parcialmente aproveitadas para lenha, estacas para construção, ou queimadas e as cinzas incorporadas no solo, fertilizando-o! Depois, nos solos deixados em pousio, novas árvores crescerão!
 Aliás, as fotos mostram que no campo fica uma parte do tronco, o que evidencia que a preocupação é eliminar a copa para que o sol chegue as plantas que vai cultivar. Estes troncos /cepos que ficam, muitas vezes rebentam no ano seguinte.
 Nesta foto podemos ver do lado direito umas “ruínas” casa abandonada, ou apenas utilizada na época de trabalhos de campo. Ao voltar a ocupar a zona, para novos trabalhos de campo, é habitual limpar-se a área para a tornar menos propensa a atrair bicharada, com destaque para as cobras. Nota-se que uma das árvores não sacrificadas, já em anos anteriores foi objecto de corte da copa (poda), para que o sol chegue ao pátio.

 Queimadas: uma foto anterior aqui postada, mostra uma queimada. As queimadas são em regra controladas. O camponês só queima depois de ter colhido os molhos de capim que vai necessitar para cobrir a casa e também para venda. Atingido este objectivo, o camponês, selectivamente, em regra, queima determinadas zonas para melhor caçar os ratinhos (nalgumas zonas há os “elefantinhos”, pequenos ratos que se alimentam de formigas, por isso tem uma pequena tromba que lhes dá o nome: abertos, e fumados são um excelente petisco. Noutras zonas há as chamadas ratazanas, roedores que se alimentam de vegetais e chegam a atingir tamanhos bem superiores ao coelho, de carne excelente.
 Depois, com as primeiras chuvas o capim volta a rebentar (nas zonas não aproveitadas para machamba) vêm os pequenos antípoles, os coelhos, as cangas e outros animais, OU SEJA: as queimadas são apenas um ciclo da vida rural, são em regra controladas (quando há estragos na propriedade alheia as autoridades comunitárias lá estão para a solução dos problemas, segundo os usos e costumes). Mas, naturalmente que há casos de incúria, desleixo ou mesmo de natureza criminal associados a queimadas.