12 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [16]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Em todas as situações descritas houve notícia de penúria de bens de consumo, de agitação social, de anomia, de intriga, de mentalidade linchadora e, aqui e ali, de lincha­mentos de supostos chupa-sanguistas. As pessoas acreditavam sempre que o sangue lhes era extraído por seringas ou por extractores análogos. Os este­reótipos vitimários podem ser demonstrados pelo facto de, anos atrás, em Nicoadala, na Zambézia, dois deputados de Assembleia da República e dois jornalistas terem sido toma­dos por «chupadores de sangue». Por outro lado, do ponto de vista dos crentes no rumor existia sempre uma associação entre a extrac­ção de sangue e os funcionários governamentais ou parti­dários e os forasteiros. Do ponto de vista governamental, tudo se resumia a situações subversivas objectiva­men­te criadas em meios onde a credulidade é grande e a pobre­za campeia. Finalmente, havia evidên­cias de ladrões tirando partido da situação para roubar nas casas abandonadas.

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